O Bridge na Escola

A FUNÇÃO EDUCATIVA E SOCIAL DO BRIDGE

Vários estudos e experiências reconheceram no Bridge uma importante função educativa na sociedade moderna, pelos efeitos positivos aduzidos, quer na área sócio-emocional quer na área cognitiva.

1 – O Bridge potencia as capacidades cognitivas.

Através do Bridge, os alunos têm a oportunidade de utilizar activamente a noção aprendida, de desenvolver capacidades como a dedução por inferência, que representa uma forma de pensamento comum a todos os campos da vida e permite transferir para outros campos os conhecimentos adquiridos num determinado enquadramento.

Todas as componentes do jogo, quer teóricas quer práticas, possuem uma matriz lógica, matemática e estatística, que requerem raciocínio continuado, aumentam a capacidade de análise, forçam constantemente os jogadores a lidar com problemas de estratégia e aumentam a utilização de mnemónicas.

O Bridge, especialmente na fase de carteio ou de análise ao carteio, requer e melhora a coordenação mental do praticante, atenção, concentração, memória e conhecimento técnico.

2 – O Bridge contribui para a construção da própria identidade.

  1. O Bridge aumenta a auto-estima, através da partilha de objectivos com a equipa ou com os parceiros; alcançar um objectivo aumenta a confiança e a estima em si próprio.
  2. O Bridge contribui para criar e reforçar a capacidade de decidir, que é a base para a autonomia activa e consciente. A dedução e a simulação são técnicas particularmente eficazes na resolução de problemas que implicam processos de tomadas de decisão.
  3. O Bridge desenvolve a capacidade de auto-avaliação, através da comparação de resultados.
  4. Sendo um jogo de probabilidade e erro, em que pensar alcançar a perfeição é pura utopia, o Bridge ensina a aceitar e a conviver com o erro. Por esta razão o Bridge é tão fascinante, quer para os jogadores mais evoluídos, quer para os que o jogam ocasionalmente. Saber usar a experiência e os erros cometidos é, sem dúvida, contribuir para evitar traumas com os falhanços com que os jovens vão ter de lidar na vida real.
  5. O Bridge oferece a oportunidade de se conviver com as derrotas. Os jovens, regra geral, não estão preparados para aceitar as derrotas. Ao primeiro revés não sabem como reagir. A desmotivação é uma tentação. Mas viver é saber lidar com o insucesso, como em qualquer competição. Mesmo os melhores perdem algumas vezes. Não se deve cair em depressão. Quem perde tem de usar a derrota para aprender a reagir, por forma a mudar, a criar, a encontrar novos métodos e novas estratégias. Na sua dimensão lúdica, a derrota em Bridge é comum a todos os jogadores, pelo que saber partilhar e discutir o insucesso é uma forma de aprender mais facilmente a geri-lo.
  6. O Bridge, para além de desenvolver as componentes inerentes ao desporto – disciplina, rigor, ética, habilidade, desempenho, competição, espírito competitivo, ultrapassagem de dificuldades, aplicação, estudo, treino, fadiga, sacrifício e stress – encoraja a aceitação de regras, já que as leis constituem a estrutura do jogo.
  7. O Bridge estimula a organização racional do estudo. O método aplicado no planeamento de acções no jogo e no leilão, na escolha do timing certo e na identificação das prioridades, permite adquirir o estado mental certo para se perceber a importância da organização em qualquer actividade. Através do conceito de transferência e com a ajuda do professor, o aluno irá transferir o que aprendeu com o jogo para os seus estudos e trabalhos.
  8. O Bridge ajuda a aquisição de um comportamento estratégico, já que são activadas aptidões lógicas tais como a capacidade de considerar múltiplas variáveis e tomar decisões com base em predições.
  9. O Bridge prepara os alunos para o mundo do trabalho. Vários estudos internacionais enfatizam que das dificuldades de integração dos jovens no mercado de trabalho, as relacionadas com a capacidade teórica no desempenho (conhecimentos, utilização de ferramentas de trabalho, etc.) são bem menos significativas do que as derivadas da incapacidade de encaixe no novo ambiente. De facto, a forma como se lida com a experiência profissional é considerada uma qualidade decisiva para o sucesso na carreira e o seu desenvolvimento sócio-psicológico. A contínua análise de recursos durante um jogo de Bridge e a correcta definição de objectivos, é um modelo que reproduz, em pequena escala, mas de forma exacta, algumas actividades profissionais e os problemas com elas relacionados.

No que respeita a sua função social, é sabido que no Bridge existe uma fortíssima componente de desenvolvimento de relações sociais, precisamente por se tratar de um jogo de pares e equipas, o que contribui para a criação de um espírito colectivo, pelo sentimento de se pertencer a uma instituição (escola, clube ou colectividade), melhorando o relacionamento com colegas, professores e com as estruturas onde é praticado.

Sendo jogado em equipa, o Bridge é um jogo que cria laços fortes. Torna-se vital conhecer o parceiro, construir a parceria, sacrificar parte da personalidade individual em favor da do parceiro, estabelecer relações com outras pessoas, assimilar hábitos, comportamentos, costumes e mentalidades diferentes, criando relações interactivas com outras pessoas. Requer esforço, entusiasmo, compreensão, concentração e vontade de vencer, num trabalho de equipa.

As regras do Bridge estimulam a necessidade de diálogo e de comunicação, factores importantes na construção de válidas e duradoiras relações. O estudo e assimilação das leis criam as bases de interacção e cooperação entre praticantes.

Outro elemento positivo na questão da socialização é o facto de não existirem limitações à participação, factor discriminatório presente em quase todos os restantes desportos. O Bridge promove o emparceiramento de pessoas de idades, sexo, raças, níveis culturais e personalidades diferentes.