Mini-Bridge

A PEDAGOGIA DO MINIBRIDGE

I – OBJECTIVOS

Quando surgiu o Minibridge, o principal objectivo era pôr a jogar imediatamente o candidato a jogador, suprimindo a difícil aprendizagem do leilão, graças a um método de avaliação simples e directo da força combinada do campo (par) maioritário em pontos.

Na prática:

– Fazer adquirir o prazer de jogar e de fazer vazas, a partir de vazas rápidas, vazas aleatórias, apuramentos simples ou aleatórios.

– Substituir a descrição das duas mãos dum campo e a decisão final do contrato por uma transmissão directa da força, através de um desafio que vai criar o hábito de decidir o contrato segundo uma tabela de correspondência entre a força das mãos e o nível do contrato.

O Minibridge foi, posteriormente, alargado, à área das decisões de contrato, graças a uma evolução lenta, que coloca os alunos nas seguintes trajectórias:

1 – Decisão de contractos em sem trunfo a um nível ligado à força em pontos H. Simultaneamente, ou quase, descoberta da marcação normal de Bridge em sem trunfo, e da noção de partida (prémio).

2 – Noção de fit, de contrato em naipe, de avaliação dos pontos DH e de dois tipos de partidas; nos naipes ricos e nos naipes pobres. O tema da marcação do campo atacante fica assim completo (sem trunfo, naipes, parciais, partidas e chelemes).

3 – Por fim, a noção de vozes competitivas entre os dois campos. São introduzidos o dobre e as penalizações correspondentes.

Esta evolução, lenta e progressiva, permite aos alunos reter no seu espírito duas noções fundamentais para aquisição das bases do futuro leilão.

1 – Força combinada minimamente necessária para um contrato a um determinado nível.

2 – Tipos de contrato, ao ataque ou à defesa, e dos riscos associados a estas decisões; isto deve conduzir a um conhecimento perfeito da famosa tabela de decisões.

II – MÉTODO DE ENSINO

Trata-se um método de ensino activo, onde o aluno deve participar na descoberta das regras (poucas), mas sobretudo nas reflexões, contas e deduções, a partir de princípios e conselhos simples. Nada deve ser imposto, tudo deve ser explicado, analisado e deduzido.

Isto por oposição a uma aquisição passiva, onde o aluno deve “armazenar” na memória os mecanismos, em vez de os descobrir.

A experiência mostra que estes dois tipos de pedagogia tiveram ao longo do tempo, efeitos muito diferentes.

Podemos pois esquematizar a pedagogia do Minibridge por uma ordem bem determinada de esforços.

Descobrir  »»   Compreender  »»   Aplicar   »»   Assimilar

Só a tabela de decisão deverá ser decorada, mas isto após 8 lições ou mais, o que graças à sua frequente utilização, será feito naturalmente e sem esforço.

III – O QUE EVOLUI DURANTE O CURSO DE MINIBRIDGE

O Minibridge não é mais do que um sistema de ensino transitório, que vai desaparecer quando 80% das bases do leilão forem assimiladas. Não é propriamente um jogo em si, mas o essencial é que a progressão leve, com facilidade, à assimilação futura do verdadeiro leilão, permitindo ao aluno jogar e de o fazer com prazer.

Deve fazer-se evoluir, calmamente, os seguintes elementos:

1 – A natureza dos contractos que os alunos serão capazes de jogar, alargando-os, de modo a levá-los às decisões de contractos finais, mais ou menos correctos, em sem trunfo, em trunfo, competitivos, em todos os níveis e a “sentir” os riscos inerentes as diferentes situações.

2 – O processo de decisão dos contractos evoluirá paralelamente. Isto vai permitir, em cada lição, dispor de uma norma simples de determinação do contrato e de jogar qualquer jogo dado ao acaso. É muito importante que os alunos não joguem só mãos preparadas. É vital reservar um espaço, em cada lição, para as mãos dadas ao acaso.

3 – O jogo da carta é evidentemente fundamental! Mas a “quantidade” de noções a descobrir, compreender, analisar … não é o mais importante. De qualquer maneira serão precisos dois anos para ter “boas bases” do jogo da carta, com o morto e de flanco. E toda uma vida para progredir verdadeiramente… Então que diferença faz o número de mecanismos compreendidos num trimestre?

Se as noções de apuramento (de honras e de comprimento) forem bem introduzidas, o resto dependerá muito do entusiasmo dos alunos e do instrutor.

O flanco coloca um problema particular: podemos dificilmente raciocinar sobre os ataques sem a verdadeira sequência do leilão. Daremos essencialmente “bons hábitos racionais” a partir do que vêem no morto e na sua mão. Posteriormente, a partir de deduções simples, sobre as cartas já vistas, e a maneira de jogar do parceiro (início da sinalização) ou do declarante.

IV – JOGAR! MAS QUE MÃOS?

Uma lição não é simplesmente uma sucessão de reflexões intelectuais! É preciso fazer jogar! Cada lição deve obrigatoriamente comportar dois tipos de mãos:

1 – Mãos preparadas, para ilustrar exactamente os temas do jogo da carta e do flanco, assim como decisões das vozes que queremos fazer descobrir e compreender.

2 – Mãos dadas livremente. Se for necessário, deve suprimir-se alguns comentários sobre as mãos preparadas para ter tempo para jogar estas mãos. É fundamental que os alunos apliquem o que já sabem em mãos não preparadas e que constatem que isto funciona e que progridem.

Desde que os alunos consigam fazer a ligação entre um diagrama e as quatro mãos, pode fazer-se um ou dois exercícios com perguntas do género: Quem abre? Que informação recebe o abridor? Há fit? Se há, em que naipe? Qual é a força total do campo? Qual será o contracto?

V – A ATITUDE E O TRABALHO DO PROFESSOR

1) Preparação geral

O professor deve saber bem qual a progressão pedagógica do curso, mas deve estar pronto a modificar o ritmo do curso em função:

– da natureza dos alunos

– da duração real de cada aula

2) Preparação da lição

Se o professor nunca ensinou Minibridge, no início, é preciso dispor de bastante tempo, de modo a decidir o que deve fazer descobrir, o que comentar e o momento em que isto deve ser feito. E sobretudo o que não deve dizer. Um conselho: Sob nenhum pretexto, o professor deve deixar de preparar as aulas!

3) A atitude do professor

Não tente ser brilhante, mas bem compreendido. Tente nada impor, mas fazer descobrir e analisar cada situação pelos seus alunos… e de os levar a concluir por eles próprios.

Tente não criticar os alunos, antes encorajá-los, mesmo que a solução que eles encontraram não seja a melhor. Qualquer erro deve ser analisado com um sorriso.

Fale lentamente e com uma voz pausada, olhando os alunos. Treine-se ao espelho! Não leia um “papel “…, salvo algum resumo muito curto.

E sobretudo não esqueça que são aprendizes… e não (ainda) verdadeiros jogadores. Não utilize palavras “típicas” de Bridge que ainda não tenha explicado. Fique-se pelas análises e pelosos conselhos mais elementares, ao nível dos alunos, … mesmo que haja outras coisas interessantes para dizer. Isto pode acontecer nas mãos ao acaso: Toque apenas num ou dois pontos, fáceis, e na linha do que eles já conhecem.

VI – SABER TERMINAR O MINIBRIDGE … E PASSAR AO LEILÃO

Se o curso de Minibridge foi bem ministrado, o interesse de passar ao leilão virá dos alunos, por volta da 7ª, 8ª, ou 9ª lição, segundo o nível atingido. No caso dos alunos muito jovens (10 – 16 anos), um curso de Minibridge pode durar todo o ano escolar (sem leilão).

Mais uma vez será importante verificar se os alunos compreenderam todos os níveis de decisão, todas as naturezas dos contractos, todos os tipos de riscos, antes do ensino do leilão.

O único meio de ensinar eficazmente as sequências do leilão é fazer com que os alunos descubram, por eles próprios, todas as zonas de proposta do contrato final, por uma aritmética simples, baseada no total das forças conhecidas a cada momento.

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