1. Das origens à actualidade
A generalidade dos trabalhos de investigação histórica reconhece que o Bridge deriva do WHIST, um jogo praticado na Inglaterra, desde o início do século XVI.
Em meados do século XVII o WHIST atingia uma grande popularidade. Neste jogo, eram distribuídas 13 cartas a cada um dos 4 jogadores, emparceirados 2 a 2, tendo por objectivo realizar o máximo de vazas possíveis. Não existia leilão e nenhum dos jogos ficava exposto sobre a mesa. Em 1742 surgiu o primeiro livro dedicado ao WHIST: Pequeno tratado sobre o WHIST, de Edmond Hoyles. A obra rapidamente se tornou num best seller, originando mesmo o aparecimento de várias edições piratas. Crê-se que a primeira experiência de WHIST competitivo tenha ocorrido em Londres, em 1857, sob a direcção de Cavendish.
A partir de então, o WHIST entrou numa fase de declínio, sendo substituído por outro jogo com regras muito parecidas com as do Bridge dos nossos dias.
A mais antiga publicação conhecida com as novas regras (Gründlicher Selbstunterricht zur Erlernung des Jarolasch oder das russische Whist) remonta a 1869, de um autor de várias publicações sobre jogos de cartas, o austríaco Christian Vanderheid.
As características do Jarolash eram as seguintes: havia um leilão rudimentar, mas já com dobros e redobros, podia-se jogar sem trunfo, os naipes tinham uma hierarquia, e existiam bónus de cheleme.
Poucos anos depois, o jogo terá chegado à Turquia com um nome que poderá ter sido britch ou biritch. Disso nos dá conta uma publicação de 1886, existente no British Museum, intitulada Biritch or Russian Whist.
O jogo espalhou-se rapidamente pelo ocidente com o nome de Bridge. Em Londres, membros do Portland Club começaram a jogá-lo em 1894, altura em que também já se jogava em Nova Iorque.
À medida que as regras do leilão foram sendo definidas, o Bridge foi-se tornado mais popular. Em 1925, Harold Vanderbilt sistematizou os princípios do jogo, incluindo as noções de vulnerabilidade e criando uma nova tabela de pontuação.
Em 1928, o jogo foi adoptado pelos principais clubes nova-iorquinos e, no final desse ano, decorreu o primeiro Campeonato Nacional. Em 1929 surge a American Bridge League. Em 1930, Ely Culbertson publicou o “Livro Azul do Bridge Contrato”, que se tornou num best seller. Em 1932 é publicado o primeiro Código Internacional, contendo as leis que regulavam o jogo.
Em 1935 são organizados os primeiros Campeonatos do Mundo. Outros marcos históricos são os primeiros Campeonatos do Mundo do pós-guerra, em 1950, a criação da Federação Mundial (WBF), em 1958, e a organização das primeiras Olimpíadas de Bridge, em 1960.
A WBF obteve, em 1999, o reconhecimento do Comité Internacional Olímpico, de acordo com a norma 29 da Carta Olímpica.
2. O Bridge de Competição em Portugal
Os primeiros registos do Bridge de Competição em Portugal remontam a 1947, ano em que George Black organizou o primeiro encontro de equipas em Portugal. Na altura defrontaram-se George Black, Jorge Vozone, Carlos Ruas e Pinto Coelho vs Ricardo Barahona, Jorge Vasques, Duarte Abecassis e Herman de Sousa. O primeiro Campeonato de Pares surgiria 6 anos mais tarde, em 1953, organizado por José Maria Eça de Queiroz.
O processo de constituição da FPB iniciou-se em 1960. O grupo de pioneiros do Bridge federativo, enquanto organizava os primeiros torneios no Grémio Literário, no Círculo Eça de Queiroz, no Clube Tauromáquico e no Clube de Ténis de Monsanto, decidiu, em princípios de 1961, constituir uma Comissão Organizadora, presidida por Francisco de Albuquerque, 3º Conde de Mangualde.
A Comissão Organizadora, para além de angariar fundos, recrutar filiados e adquirir material, elaborou os primeiros estatutos da FPB, submetendo-os à aprovação do Ministério da Educação Nacional, em 15 de Março de 1961. Em 8 de Setembro de 1962, via Direcção Geral dos Desportos, foi recebida a notícia do despacho de indeferimento. Motivo: o Bridge não era uma modalidade desportiva (mas o Xadrez ou a Columbofilia eram …).
Entretanto, havia-se realizado a primeira Assembleia Geral, em Julho de 1961, com a presença e a representação de 60 filiados individuais e 2 colectivos. Nesse Congresso foram eleitos os primeiros Corpos Gerentes da FPB (em organização) e ratificou-se a filiação na Liga Europeia de Bridge e na Federação Mundial de Bridge.
Apesar dos esforços levados a cabo pelos sucessivos dirigentes, só em 1977, após o advento da Democracia, a FPB foi reconhecida como Federação Desportiva, pelo I Governo Constitucional.
Poucos meses depois, em Junho de 1978, a FPB obtém o estatuto de Pessoa Colectiva de Utilidade Pública e, em 1993, o estatuto de Utilidade Publica Desportiva.
Em 1993 deu-se início ao que viria a ser um dos projectos mais emblemáticos do Bridge nacional – o Bridge Escolar. Em Fevereiro de 1994 realizou-se o primeiro Curso de Monitores de Bridge Escolar, coordenado por Carlos Marques Pereira, Maria Helena Mateus e Luís Oliveira. Em Junho de 1995 realizou-se o primeiro Torneio de Bridge Escolar, onde participaram 66 jovens, em representação de 6 Escolas.
Em Novembro de 1996, a FPB assinou, com o Ministério da Educação, um protocolo onde o Bridge foi reconhecido como modalidade integrante do Desporto Escolar. Desde então até 2004, foram organizados dois torneios anuais e alguns cursos de monitores. Mas, nos últimos anos, o afastamento de alguns professores que abraçaram o projecto desde o seu início e a retirada do Bridge como disciplina do Desporto Escolar, tem contribuído para uma degradação do projecto.
Do ponto de vista organizativo, a FPB sofreu, em 2003, uma profunda restruturação, em que os Clubes e as Associações passaram a ser os filiados da FPB, em substituição dos praticantes individuais que, por sua vez, passaram a obter a respectiva licença federativa através dos Clubes.
Esta nova estrutura orgânica, teoricamente potenciadora da expansão da modalidade, pelo efeito da descentralização e do papel determinante atribuído aos Clubes, não teve os resultados esperados, por dois motivos:
1º – As exigências, em termos de pessoal dirigente e de processos administrativos, das novas estruturas regionais, revelaram-se um problema grave, sobretudo nas regiões ao Sul do Tejo;
2º – As estruturas federativas centrais, numa interpretação incorrecta dos conceitos de descentralização, deixaram praticamente ao “abandono” as Associações Regionais.
Com a entrada em vigor da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, em 2007, e do novo Regime Jurídico das Federações Desportivas, em 2008, a organização da FPB sofreu uma nova evolução, adoptando a estrutura que perdura até hoje.
No plano internacional, a FPB tem participado nas principais provas de selecções, tendo ainda organizado os Campeonatos da Europa de 1970 (Estoril) e 1995 (Vilamoura), e ainda os Campeonatos do Mundo de 2005 (Estoril).
As representações portuguesas nas provas internacionais não têm obtido resultados de relevo, à excepção da vitória no Campeonato da Comunidade Europeia de 1998, do 5º lugar, em 22 equipas, no Campeonato do Mundo de Seniores de 2005, e do 12º lugar, em 32 equipas, no Campeonato da Europa de 1995.
3. A actualidade do Bridge de Competição em Portugal
Existem actualmente cerca de 1.000 praticantes federados, inscritos através de 32 Clubes e Núcleos de Bridge, com uma implantação geográfica nacional.
Para além dos Campeonatos Nacionais e Regionais, realizam-se anualmente vários eventos com carácter internacional e nacional, designados por Festivais. Os Clubes realizam anualmente centenas de torneios de Bridge, com periodicidade diária, semanal ou mensal.
A FPB, dentro das suas funções de divulgação e ensino do Bridge, promove e apoia cursos de iniciação em várias escolas dos ensinos secundário e universitário.